por RG, em 26.05.05
É normal que as pessoas passem por certas situações de embaraço na presença de terceiros.
São alturas em que, por esquecimento, se fica com a braguilha aberta, ou por distracção não se repara que caiu uma nódoa de molho na camisa, ou até que se tem uma ramela mais persistente no canto do olho. Como ainda não foi inventado o aparelho-que-detecta-elementos-considerados-fora-dos-parâmetros-normais-da-aparência-da-pessoa, é perfeitamente natural que quem passe por estas ocorrências desagradáveis, muitas das vezes, nem dê conta da figura menos própria que está a fazer.
Agora o que é curioso, ou mesmo estranho, é que na maioria das vezes, as pessoas com quem estamos a confraternizar no momento, e que se apercebem do que está errado, não nos alertam para tal. Talvez por pensarem que vão ser indelicadas, inconvenientes, ou por uma questão de timidez, preferem disfarçar e deixar os incautos ali ao Deus dará. Pode-se dar algum desconto quando as pessoas não são conhecidas, e não existe aproximação entre elas. Mas é indesculpável quando estão envolvidas pessoas chegadas, como familiares ou amigos.
Será que custa muito avisar alguém que: «olha pá, tens aí uma borbulha na testa, do tamanho de uma azeitona, pronta a arrebentar.»? ou «não te rias muito, que ainda tens aí nos dentes um resto da feijoada.»? ou ainda «epá, apesar de ser muito agradável à vista, cuidado com esse decote, pois já saltou uma peça de fruta cá para fora.»?
Enfim, alerta aos outros, aquilo que gostavas que alertassem a ti.
PS: Viva os jantares de convívio que permitem abordar temas tão importantes como este.
RG
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